A BALANÇA
Quando menino eu vivia brigando com meus companheiros de brinquedos. E voltava para casa lamuriando e queixando-me deles. Isso ocorria, as mais das vezes, com Beto, o meu melhor amigo.
Um dia, quando corri para casa e procurei mamãe para queixar-me do Beto ela me ouviu e disse o seguinte:
- Vai buscar a sua balança e os blocos. - Mas, o que tem isso a ver com o Beto?
- Você verá... Vamos fazer uma brincadeira. Obedeci e trouxe a balança e os blocos. Então ela disse:
- Primeiro vamos colocar neste prato da balança am bloco para representar cada defeito do Beto Conte ne quais são,
Fui relacionando-os e certo número de blocos foi empilhado daquele lado
- Você não tem nada mais a dizer? Eu não tinha e ela propos. Então você vai, agora, enumerar as qualidades dele. Cada uma delas será um bloco no outro prato da balança
Eu hesitei, porém ela me animou dizendo:
- Ele não deixa você andar em sua bicicleta? Não reparte o seu doce com você?
Concordei e passei a mencionar o que havia de bom no caráter de meu amiguinho. Ela foi colocando os blocos do outro lado. De repente eu percebi que a balança oscilava. Mas vieram outros e outros blocos em favor do Beto
Dei uma risada e mamãe observou:
- Você gosta do Beto e ficou alegre por verificar que as suas boas qualidades ultrapassam os seus defeitos. Isso sempre acontece, conforme você mesmo vai verificar ao longo de sua vida.
E de fato. Através dos anos aquele pequeno incidente de pesagem tem exercido importante influência sobre meus julgamentos. Antes de criticar uma pessoa, lembro-me daquela balança e comparo seus pontos bons com os maus. E, felizmente, quase sempre há uma vantagem compensadora, o que fortalece em muito a minha confiança no género humano.