ANIMISMO


questão "preocupante" do animismo, segundo se constata, é consequênciadireta da falta de estudo ou de melhor compreensão de seu conceito.

José Raul Teixeira, no livro Corrente de Luz, ditado pelo Espírito Camilo, nos esclarece a respeito da existência de dois tipos de fenômenos psíquicos, patrimônio do ser humano: os anímicos produzidos pelo espírito encarnado; e os mediúnicos decorrentes da intervenção de espíritos desencarnados, que utilizam um veículo ou instrumento humano (médium) para se manifestar.

Ampliando os conteúdos acima apresentados, extraímos da obra Animismo eEspiritismo, de Alexandre Aksakof, uma proposta de classificação dos fenômenos anímicos em internos e externos. Os internos, também denominados depersonismo ou manifestação do inconsciente, seriam aqueles que estariamrelacionados com a intimidade do sensitivo, abrigando sob essa designação todosos produtos do inconsciente, que, sob determinadas circunstâncias, desaguam, no consciente do médium, as sugestões arquivadas, os processos psicológicos das camadas internas da personalidade, as lembranças de outras vidas e os arquétipos. Já os fenômenos anímicos externos relacionam-se com as ocorrências que transpõem os limites corporais do sensitivo. O sonho, o sonambulismo, a telepatia, o êxtase, a bicorporeidade, a dupla vista são exemplos que podemos citar de fenômenos anímicos dessa ordem, tão bem explicados no capítulo 8 da parte segunda de O Livro dos Espíritos.

À primeira vista, os fenômenos anímicos podem ser facilmente confundidos com os de natureza mediúnica, uma vez que estes trazem as impressões do medianeiro que os veicula. Segundo o Espírito André Luiz, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, no capítulo intitulado "Emersão no passado" do livro Nos Domínios da Mediunidade, em todo e qualquer fenômeno mediúnico a presença do fator anímico é inevitável, pelo fato de o comunicante espiritual valer-se dos elementosbiológicos, psicológicos e culturais do médium, para elaborar e exteriorizar sua mensagem.

Lembra ainda o autor espiritual que, se fossemos levados, pelo processo de regressão da memória, a uma situação qualquer de uma vida anterior e lá deixados por algumas semanas, apresentaríamos o mesmo fenômeno de aparente alienação mental, complicada com características facilmente interpretadas como de possessão, pelo observador despreparado. Ou, então, a pessoa seria tida como mistificadora inconsciente. Em ambas as hipóteses, o diagnóstico estaria errado e, por conseguinte, também equivocada qualquer forma de tratamento proposto ou tentado.

Escreve ainda André Luiz: nenhuma justificativa existe para qualquer recusa no trato generoso de personalidades medianímicas provisoriamente estacionadas em semelhantes provações, de vez que são, em si próprias, espíritos sofredores ouconturbados quanto quaisquer outros que se manifestem, exigindo esclarecimento e socorro.

Em Obras Póstumas, no último parágrafo da mensagem "Controvérsias sobre a ideia da existência de seres intermediários entre o homem e Deus", Allan Kardec observa o seguinte: "A distinção entre o que, num dado efeito, é produto direto da alma do médium, e o que provém de uma fonte estranha (Espírito), às vezes, é muito difícil de ser feita, porque, muito frequentemente, essas duas ações se confundem e se corroboram (...) Mas do fato de uma distinção ser difícil, não se segue que seja impossível".

No item 3 do livro Mediunidade - Encontro com Divaldo, editado pela Mundo Maior Editora, encontramos excelente sugestão apresentada pelo orador quando de sua resposta sobre as questões envolvendo o conhecimento da mediunidade, que muito ilustra os caminhos a serem percorridos pelos médiuns para diferenciar os seus dos conteúdos dos espíritos que por eles se comunicam: "(...) Durante vários anos estive estudando o que seria a minha personalidade e a individualidade que sou (...) Comecei a estudar meu sistema nervoso, minha emotividade, minhas preferências, aquilo que dizia respeito ao Eu que sou, e as circunstâncias que propiciavam o intercâmbio com a mediunidade".

Esse proceder faculta ao médium uma educação moral e psíquica tal que lhe concede recursos hábeis para o intercâmbio mediúnico correto e seguro.

As fixações mentais, os conflitos e os hábitos psicológicos do individuo, que ressumam do seu inconsciente, durante o transe assumem com vigor os controlesda faculdade mediúnica, segundo Manoel Philomeno de Miranda (Espírito), dandoorigem às ocorrências anímicas; este fato fortalece as informações de André Luiz (Espírito), anteriormente citadas.

Cabe, portanto, a todo médium o esforço contínuo na busca do autoconhecimento, de forma a diminuir gradualmente as cores anímicas de suas passividades,dedicando alguns minutos diários de sua existência ao exame contínuo de seus problemas íntimos, aliado ao estudo doutrinário, de forma a discernir com acerto e atuar com segurança no desempenho das tarefas que lhes compete realizar.