O RIO

 

 

Em criança eu tinha uma grande preocupação: 

Não desanimar ante as dificuldades que se me apresentavam. 

Mas queria vencê-las fosse como fosse. A ferro e fogo.

Como, nem sempre, os meus métodos violentos tivessem êxito, eu mergulhava em pranto. 

Debalde, por diversas vezes, meu avô procurara me aconselhar, mostrando-me o erro em que eu incidia.

Um dia, estávamos, eu e ele, sentados à margem de um pequeno rio e, em um hiato da nossa conversação, enquanto olhávamos a clara correnteza que deslizava, ele se voltou para mim e disse: 

- Minha filha, repara bem este riacho. Veja: o seu ideal é correr. Correr até onde possa descansar as suas águas. Mas seu curso nem sempre é tranquilo. Observe, não são poucos os obstáculos que ele encontra: pedras, elevações do terreno, troncos, galhos de árvores. Todavia, ele não se detém. Mas, também, não se atira, cegamente, contra as barrelas. Pelo contrário, procura, antes, verificar se pode vencê-las. Não sendo possível, contorna-as e segue sua jornada com a mesma serenidade. É assim que você, na vida, deve proceder para vencer os obstáculos e prosseguir em paz.

Estas palavras sensatas de meu avô calaram-me profundamente no espírito. 

E ainda hoje me valho, sempre com êxito, nos momentos difíceis, dessa sua lição.

 

Faze da infância que te segue o exemplo

O sublime alicerce do amor puro,

Em que possas construir o Lar e o

Templo Do Divino Futuro...

Carmen Cinira